Sustentabilidade na estratégia de negócios: possibilidades para o setor de construção civil
Visando atingir à fatia do mercado
interessada em gerar menor impacto, empresas iniciaram o movimento de
relampejar processos, produtos e inovações que atendessem à necessidade
de seus consumidores sem perder de vista a sustentabilidade de seus
próprios negócios. Um exemplo que tomou conta dos noticiários nos
últimos anos foi a Tesla, que revolucionou o mercado com veículos
elétricos com preços acessíveis à população. Apesar da distância entre
os números de produção, venda e faturamento em comparação à produção de
montadoras de veículos tradicionais, a empresa se tornou a fabricante de
automóveis norte-americana mais valiosa na visão de acionistas.
A incorporação da sustentabilidade aos
negócios traz inúmeras vantagens às empresas pela valorização da imagem e
reputação, respostas a investidores, acesso a mercados e inovação em
produtos, além de gerar benefícios ao consumidor final e, em maior
escala, à perenidade socioambiental.
Um dos setores mais tradicionais no
Brasil, a Construção Civil, tem se rendido às inovações e possibilidades
através das chamadas Tecnologias Sustentáveis. Entre os especialistas, o
termo Bioconstrução já é vocábulo conhecido e traz possibilidades de
construções de baixo custo, menor impacto ambiental e maior acesso
social.
O Centro de Educação para a
Sustentabilidade (CES) Alphaville, fruto de parceria entre a Fundação
Alphaville e a Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba, foi
inteiramente construído com essa proposta. O espaço, bioconstruído em
2008, foi o primeiro centro de educação para sustentabilidade do país e
tem em sua estrutura a demonstração de diversas técnicas de construções
sustentáveis. O prédio foi desenvolvido com arquitetura de baixo impacto
ambiental, visando a eficiência energética e aproveitamento de recursos
naturais, ocupa 288m² de um terreno de 800m², sendo a área restante
composta por região de preservação que é utilizada para educação
ambiental dos visitantes do espaço.
Na construção, três tipos de bambu foram
utilizados,, por ser um material extremamente versátil e resistente, e a
estrutura foi completada utilizando técnicas de construção com terra,
como pau a pique, cordwood e esterilha. Além disso, o centro conta com
telhado verde, que mantém o ambiente climatizado e possibilita a
recuperação da água da chuva, energia eólica e ainda faz parte de um
biossistema integrado, o que significa que materiais que normalmente
seriam rejeitados são reaproveitados em novos processos. Vidros
reciclados, pisos de pneu, mobiliário de madeira de demolição ou
certificadas, compõem a organização do espaço.
No final do ano passado, o local recebeu
a visita de Salvador Benevides, Superintendente do Comitê Brasileiro
(CB-002) da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), Guilherme
Korte e Gustavo Paulo Gonçalves de Oliveira, da Associação Brasileira
dos Produtores de Bambu, a fim de conhecer a estrutura do centro de
educação, considerado referência em estruturas de bambu.
Com proposta rústica, o CES Alphaville
foi construído em sistema de mutirão e trouxe referenciais tradicionais
para sua construção, o que resgata a origem e a simplicidade dos
processos e materiais utilizados; mas inovação, criatividade e
acabamentos finos são desdobramentos destas tecnologias que a cada dia
ganham mais espaços nas grandes metrópoles.
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